Chegou o grande dia!
O despertador só deu o ar da graça por cumprir sua função. Hoje eu que fiquei esperando ele acordar.
Um som de gota pingando na calha me levou às lembranças de um ano que a princípio parecia como outro qualquer. A memória me jogou na noite da virada, à hora mágica onde fazemos reflexões desta fatia de 365 dias da nossa vida e que enviamos ao universo os desejos de um ano melhor, promessas de renovação e metas a alcançar. E são nestes poucos minutos ao som de um um céu iluminado e pipocando fogos de artifícios coloridos que fazemos este resumo do que somos, fomos, fizemos e queremos fazer. É neste momento que pedimos saúde, paz, harmonia e mentalizamos cada pessoa querida enviando muitas vibrações para que o ano que nasce, brilhe como o céu em festa.
A gota marcando o tempo continuou me remetendo a este momento e desta vez me questionei, o que me distraiu que deixei de pedir com fé a saúde para minha família? Será que fui egoísta pensando só em mim que esqueci dos meus?
Ainda bem que minha mente é rápida e afasta esses pensamentos frágeis, pois como eu poderia me culpar por não pedir fervorosamente pela saúde da minha filha jovem e saudável?
E minha mente voltou no dia em que ela chegou se desmanchando de tanto chorar do PS onde fora fazer uma simples ultrassonografia de umas bolinhas que eu, mãe, classifiquei como "ínguas inofensivas".
Não era um diagnóstico ainda, mas era a quase certeza de que bom não era e aí quem se desmanchou fui eu. Foi o primeiro baque, o choque de que algo não ia bem. Minha primeira reação foi pedir a Deus que instalasse em mim qualquer coisa que fosse ruim e livrasse minha filha de qualquer sofrimento.
A gotinha na calha me chamou de volta e eu pensei "quanta ignorância! Deus não enviaria nada a alguém sem algum propósito"
Neste momento minha memória pulou tudo o que se sucedeu e eu voltei a agradecer pelo momento em que estamos hoje.
O celular estava prestes a despertar imaginando que ia me acordar, e eu lá repassando como foi nosso 2019. Um choque, uma incerteza, medo, pavor e de repente ela, a fé.
Graças a esse ano eu conheci a fé verdadeira. Foi um ano de muitas mudanças, reflexões, um ano em que, apesar do LH (Linfoma de Hodkin), foi um ano quase perfeito.
Pessoas se aproximaram e pessoas se afastaram. Passamos por momentos não muito bons, mas os momentos bons superaram!
Lembro de quando voltávamos de um dos exames de imagem que a Juh fez, em Cambuí, cantando no carro, muitas risadas (e desafinação rsrs). Também quando saímos do consultório com o diagnóstico (que já sabíamos) e fomos provar empadinhas na casa das empadas. Ríamos por tudo, as situações difíceis se tornavam engraçadas, mesmo quando, em um dia cansativo de quimioterapia, descobrimos que os faróis do carro ficaram acesos e descarregou a bateria. A paciente e eu empurramos o carro e meu genro quase virou descendo por um "barranquinho"! As rodas chegaram a sair do chão e isso foi motivo de muitas risadas depois. Sim, o que é esquecer o farol ligado perto de um diagnóstico de câncer né?!
A gota continuava na mesma batida e eu não sabia que horas eram, só que eu estava aproveitando o tempo livre da madrugada pra pensar em como o ano passou rápido.
E agora estou aqui num corredor do HC na Unicamp digitando meus pensamentos...
A Juh já tá lá dentro, não sei como é esse exame, não sei se demora, não sei se é feito em etapas, não sei nada sobre ele, só que ele vai nos contar o que já sei. Que ela alcançou a cura assim que descobriu o Linfoma. Que minha fé foi grande e nunca pensou que seria diferente.
Meu sentimento agora é apenas de gratidão. É a gratidão que me acompanha desde o ultrassom inicial, onde descobrimos que não era algo bom. E se não era bom, tinha que tirar, resolver, tratar... Tudo fluiu perfeitamente desde então.
Minha filha casou, na capela, o casamento que sonhou (só depois que se apaixonou e encontrou sua cara metade ahaha)
Penso que foi um ano de muitas conquistas, alegrias e poucas tristezas.
Quando o despertador tocou eu estava pronta e com a certeza que estávamos indo cumprir mais um protocolo do tratamento.
O fechamento com chave de ouro, o dia em que oficialmente minha filha estava curada.
28/11/2019
O despertador só deu o ar da graça por cumprir sua função. Hoje eu que fiquei esperando ele acordar.
Um som de gota pingando na calha me levou às lembranças de um ano que a princípio parecia como outro qualquer. A memória me jogou na noite da virada, à hora mágica onde fazemos reflexões desta fatia de 365 dias da nossa vida e que enviamos ao universo os desejos de um ano melhor, promessas de renovação e metas a alcançar. E são nestes poucos minutos ao som de um um céu iluminado e pipocando fogos de artifícios coloridos que fazemos este resumo do que somos, fomos, fizemos e queremos fazer. É neste momento que pedimos saúde, paz, harmonia e mentalizamos cada pessoa querida enviando muitas vibrações para que o ano que nasce, brilhe como o céu em festa.
A gota marcando o tempo continuou me remetendo a este momento e desta vez me questionei, o que me distraiu que deixei de pedir com fé a saúde para minha família? Será que fui egoísta pensando só em mim que esqueci dos meus?
Ainda bem que minha mente é rápida e afasta esses pensamentos frágeis, pois como eu poderia me culpar por não pedir fervorosamente pela saúde da minha filha jovem e saudável?
E minha mente voltou no dia em que ela chegou se desmanchando de tanto chorar do PS onde fora fazer uma simples ultrassonografia de umas bolinhas que eu, mãe, classifiquei como "ínguas inofensivas".
Não era um diagnóstico ainda, mas era a quase certeza de que bom não era e aí quem se desmanchou fui eu. Foi o primeiro baque, o choque de que algo não ia bem. Minha primeira reação foi pedir a Deus que instalasse em mim qualquer coisa que fosse ruim e livrasse minha filha de qualquer sofrimento.
A gotinha na calha me chamou de volta e eu pensei "quanta ignorância! Deus não enviaria nada a alguém sem algum propósito"
Neste momento minha memória pulou tudo o que se sucedeu e eu voltei a agradecer pelo momento em que estamos hoje.
O celular estava prestes a despertar imaginando que ia me acordar, e eu lá repassando como foi nosso 2019. Um choque, uma incerteza, medo, pavor e de repente ela, a fé.
Graças a esse ano eu conheci a fé verdadeira. Foi um ano de muitas mudanças, reflexões, um ano em que, apesar do LH (Linfoma de Hodkin), foi um ano quase perfeito.
Pessoas se aproximaram e pessoas se afastaram. Passamos por momentos não muito bons, mas os momentos bons superaram!
Lembro de quando voltávamos de um dos exames de imagem que a Juh fez, em Cambuí, cantando no carro, muitas risadas (e desafinação rsrs). Também quando saímos do consultório com o diagnóstico (que já sabíamos) e fomos provar empadinhas na casa das empadas. Ríamos por tudo, as situações difíceis se tornavam engraçadas, mesmo quando, em um dia cansativo de quimioterapia, descobrimos que os faróis do carro ficaram acesos e descarregou a bateria. A paciente e eu empurramos o carro e meu genro quase virou descendo por um "barranquinho"! As rodas chegaram a sair do chão e isso foi motivo de muitas risadas depois. Sim, o que é esquecer o farol ligado perto de um diagnóstico de câncer né?!
A gota continuava na mesma batida e eu não sabia que horas eram, só que eu estava aproveitando o tempo livre da madrugada pra pensar em como o ano passou rápido.
E agora estou aqui num corredor do HC na Unicamp digitando meus pensamentos...
A Juh já tá lá dentro, não sei como é esse exame, não sei se demora, não sei se é feito em etapas, não sei nada sobre ele, só que ele vai nos contar o que já sei. Que ela alcançou a cura assim que descobriu o Linfoma. Que minha fé foi grande e nunca pensou que seria diferente.
Meu sentimento agora é apenas de gratidão. É a gratidão que me acompanha desde o ultrassom inicial, onde descobrimos que não era algo bom. E se não era bom, tinha que tirar, resolver, tratar... Tudo fluiu perfeitamente desde então.
Minha filha casou, na capela, o casamento que sonhou (só depois que se apaixonou e encontrou sua cara metade ahaha)
Penso que foi um ano de muitas conquistas, alegrias e poucas tristezas.
Quando o despertador tocou eu estava pronta e com a certeza que estávamos indo cumprir mais um protocolo do tratamento.
O fechamento com chave de ouro, o dia em que oficialmente minha filha estava curada.
28/11/2019